20 de jul. de 2010

MURALISMO MEXICANO


O termo refere-se à pintura mexicana da primeira metade do século XX, de feitio realista e caráter monumental. A adesão dos pintores aos murais de grandes dimensões liga-se diretamente ao contexto social e político do país, marcado pela Revolução Mexicana de 1910-1920. Após 30 anos de ditadura militar, o movimento revolucionário - ancorado na aliança entre camponeses e setores urbanos, entre eles, intelectuais e artistas - projeta uma nação moderna e democrática, cujos alicerces repousam no legado das antigas civilizações pré-colombianas.
O movimento da pintura mural no México se apóia em uma arte de alcance social, de caráter decorativo ou comemorativo, sempre acessível ao povo e ocupando os lugares públicos. Os artistas visam romper com a arte acadêmica, tal como praticada no século XIX, e criar uma arte original, ao mesmo tempo moderna - tributária das conquistas das vanguardas do começo do século XX - e autenticamente mexicana. Essas preocupações comuns foram trabalhada de modos diversos pelos pintores do grupo.

Diego Rivera (1886-1957), um dos principais expoentes do muralismo mexicano, a arte "é uma arma", um instrumento revolucionário de luta contra a opressão. Rivera reedita a pintura em afresco em 27 painéis pintados do Instituto de Artes de Detroit, entre 1932 e 1933. Os murais que realiza, de forte cunho didático, comprometidos com uma crítica vigorosa ao capitalismo e com a projeção de ideais revolucionários e socialistas - estão repletos de figuras e acontecimentos, em que se combinam temas modernos e motivos tradicionais. 
Nos murais realizados para diversos edifícios públicos na Cidade do México, por sua vez, observa-se o seu compromisso em construir narrativas históricas e alegóricas sobre o país.
Em função do casamento de Rivera com Frida Kahlo (1907-1954), o muralismo mexicano repercute nos Estados Unidos (na arte pública do New Deal, dos anos de 1930, por exemplo) e em toda a América Latina.

José Clemente Orozco (1883-1949) relaciona-se à permanência nos Estados Unidos, entre 1917 e 1919. Imediatamente após a Revolução de 1910, Orozco realiza os desenhos intitulados O México em Revolução, com vistas a fornecer às massas elementos para a compreensão da guerra. O estilo direto e caricatural das primeiras obras: Maternidade e Os Ricos Banqueteiam-se Enquanto os Trabalhadores Lutam, realizados para a Escola Preparatória Nacional entre 1923 e 1924, dá lugar a uma dicção mais monumental e de tom simbolista nos afrescos de 1926 para a Casa dos Azulejos e para a Escola Industrial de Orizaba.
David Alfaro Siqueiros (1896-1974) encontra no surrealismo uma de suas principais inspirações. Nos seus murais, observa-se o uso de cores vibrantes e a combinação de realismo e fantasia.
Rufino Tamayo (1899-1991), embora tenha realizado murais, afasta-se das orientações político-ideológicas mais diretas, preferindo naturezas-mortasretratos e animais.


No Brasil, influências do muralismo mexicano podem ser sentidas na obra de Di Cavalcanti (1897-1976)Candido Portinari (1903-1962). Este último associa a pesquisa de temas nacionais, com forte acento social e político em trabalhos como Mestiço (1934), Mulher com Criança (1938) e O Lavrador de Café (1939). Nas décadas de 1940 e 1950, o artista realiza diversos projetos para painéis: Catequese dos Índios (1941), para a Library of Congress [Biblioteca do Congresso] em Washington D.C., Jangada do Nordeste (1953) e Seringueiro (1954), encomendados pelos Diários Associados.

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